Sunday, July 23, 2006

O fim involuntário das imagens


Há muito tempo que tenho vontade de abolir as palavras, cultivar o mutismo, publicar apenas imagens. Mas este desejo já antigo, esbarra nas limitações de quem, como eu, é hábil a avariar as máquinas. A minha câmara digital não resistiu ao calor do Verão, ao pó dos caminhos e aos trancos e solavancos incertos dos meus passos. Maus tempos para a ilustração da vida, por aqui.

O dom

Estranho dom este de americanos e israelitas, eles são exímios criadores de terroristas, são mais os que geram, do que aqueles que matam.

A ver no que deu o Iraque

A história do bicho homem conta-se como uma história de prepotências, de asfixia da humanidade pela brutalidade da lei do mais forte. São eternidades de sofrimento para, muito a pouco e pouco, o mundo evoluir no respeito dos mais fracos. Vejo as imagens do Iraque a cores, na televisão, e em tudo aquilo, só me ocorre o nome do responsável máximo por aquele açougue , um homenzinho primitivo a que chamam George Bush. Já desisti da ideia de que é possível fazer justiça, mas estou sempre disponivel para subscrever uma petição inconsequente , a de levar a criatura ao tribunal internacional para os crimes de guerra.

Wednesday, July 19, 2006

A expiação da história

Quotidianamente a linguagem dos diplomatas é redonda, e na porfia da inoquidade, lá vai dizendo coisas, sem o querer, porque embora pareça o contrário, mesmo quem se esforça por falar sem dizer nada, lá vai, involuntáriamente, dizendo alguma coisa. Os diplomatas, os governos europeus, dizem que Israel tem direito a defender-se. De acordo mas falta o resto. É tão certo como os palestinos e os libaneses terem o direito de se defenderem e combaterem com as armas que possuiem, inclusivamente com as bombas humanas, último recurso dos pobres e dos desesperados. Mas por aqui, por estas duas verdades, não chegamos a lado nenhum que preste.
Então porque não se calam em vez de parvejarem em linguas várias? Ou já agora, porque não actuam? O problema dos europeus- já não falo dos americanos que se comportam como se não tivessem problemas- é que vivem na expiação da vergonha de séculos de anti-semitismo, que culminaram no holocausto, e esta catarse de má consciência, sobra para os muçulmanos que acham não ter nada a ver com a história da Europa até porque não a estudaram na escola quaando eram pequeninos, estudaram outra, a deles. E aí, a história conta-se de outra maneira.

Sunday, July 16, 2006

42º à sombra

O sequeiro alentejano está áspero e não há produtividade que resista ao sol do Alentejo. Não entendo os horários de trabalho no Verão português. Qual o rendimento do trabalho de trabalhadores braçais, numa tarde de quarenta graus à sombra ? Existem estudos sobre isso? Alguém investigou, quantificou?
Entendo mais o horário andaluz do sul de Espanha, aonde a sesta ainda permanece uma instituição intocável nas zonas rurais, só possivel num país regionalizado, que trata de forma diversa realidades que também o são. Nunca um burocrata citadino se lembraria, sentado no seu gabinete arejado de Lisboa, de considerar um disparate, um cantoneiro ou um trolha trabalharem, ou fazerem de conta que o fazem, sob o sol das duas da tarde. Talvez aja aqui um problema de produtividade, competitividade, acertividade ou o que lhe quiserem chamar.

Wednesday, July 12, 2006

Dias...

Há por vezes dias, embora raros, em que me cruzo com frutos proíbidos da estação, mulheres com a volúpia de mil cores, impregnadas do aroma do desejo. Ainda mais às vezes, dão-se à caridade de um sorriso, de um olhar que me faz girar em volta, à procura dum destinatário. Há dias assim, em que não sei por onde começar a varridela dos meus cácos, e onde um olhar quente ou o encosto de um simples gato são sinais de vida.

Monday, July 10, 2006

Figo


Tenho estado caladinho que nem musaranho ácerca da bola. Não têm faltado todavia, opiniões e ruído ácerca. Mas esclareço: eu gosto da bola.
Passei vinte e tal anos da minha vida sem gostar, sem perceber o que movia tanta gente à volta do " esférico". Achava frívolo como tantas coisas.
Um dia, vi um rapaz nuns campeonatos mundiais de futebol jovem e começei a perceber. Luis Figo desabrochava para o jogo, fazia a diferença , parecia um tipo inteligente, e a vê-lo , lembrei-me que um dia, alguém disse que o futebol participava um pouco do jogo do xadrês, e um pouco do bailado. Devo-lhe isso, que não é pouco, a arte, a fantasia, a redenção do futebol com a inteligência das coisas, ainda que simples na aparência. A sua presença nos relvados está a acabar, e vou sentir falta dele, como se o conhecesse há muitos anos.

Saturday, July 08, 2006

Simplex

Na era das velocidades e do tal Simplex, um fax, contendo os documentos apreendidos de um automóvel, necessários a formalizar a inspecção, demoram uma semana a percorrer os cem metros que distam a Direcção Geral de Viação ao Centro de Inspecções automóveis. Simplex?
Diga lá outra vez....