Tuesday, March 27, 2007

Cocabichinhos


Este céu


Xarez


Hoje, dia do pai lá por casa, fomos ver o cromeleque de Xarez, transplantado pela EDIA, das proximidades do Guadiana, agora submerso com a barragem de Alqueva, para a aldeia do Telheiro.

Ele esteve lá


Foi há vinte anos que Portugal entrou na União Europeia. Houve comemorações esta semana, uma cerimónia para muita gente , para a qual não convidaram Mario Soares, o homem que esteve na assinatura da adesão, como já tinha estado no início das negociações . Esteve lá no começo e no final desta caminhada. Intuíu a tempo e a horas o que Jerónimo de Sousa ainda hoje não viu: que este país não teria futuro isolado, que sózinhos , seriamos hoje uma Albânia. Ele esteve lá a fazer história. Aqui comemoro, a olhar esta fotografia e lembro que tambem , como Cavaco, desdenhei, e de modo diferente, tambem acabei por fruir e aproveitar o desígnio de uma geração de portugueses atentos ao mundo, Portugal na Europa. O meu pai, se aqui estivesse, brindava à efeméride e ao homem.

Friday, March 23, 2007

Promessas

Hoje acordei para o trabalho. A natureza dá sinais diferentes, os enxames desencolheram, acho que as abelhas sonham a mudança do tempo. Uma aposta: para a semana vem chuva.

Thursday, March 22, 2007

Efeméride

Fez quatro anos a insana aventura americana no Iraque. Quatro anos de sangue, desordem e sofrimento escusado e apoiado num embuste, que teve como palco os Açores e a célebre cimeira da vergonha. Passei o tempo a dizer o que acho ácerca do assunto. Não me peçam é que deite foguetes pelo definhar do império americano que toda esta triste história traduz. Na queda do império ocidental, nós iremos atrás. Não sejamos tambem anjinhos.

Monday, March 19, 2007

Naquele tempo




Sob o caramanchão de glicínia lilás
As abelhas e eu
Tontas de perfume
Lá no alto as abelhas
Doiradas e pequenas
Não se ocupavam de mim
Iam de flor em flor
E cá em baixo eu
Sentada no banco de azulejos
Entre penumbra e luz
Flor e perfume
Tão ávida como as abelhas



Sophia de Mello Breyner

Dormir

O insucesso cansa-me.
Está uma primavera dificil, sobra-me tempo, o que é contranatura nesta época. Sinal evidente de que as coisas estão muito mal. Normalmente na primavera, um apicultor não tem tempo de respirar fundo, existe a enxameação, dezenas de colmeias que diariamente tentam constituir enxame, migrar a fazer casa noutro sítio. Há que apanhá-los e assim suprir as baixas do inverno. Este ano, nada de nada. Falta de néctar, eis o diagnóstico grave.
O calendário corre, hoje chegou a nortada, mais uma ajuda para a secura. Todavia quero pensar que haverá de chegar qualquer coisa boa. Não sei o quê, nem quando. Entretanto tenho sono sem razão aparente. Acho que persigo a passagem do tempo, a distração dormindo.
Que tal um milagre durante o sono?

Saturday, March 17, 2007

O espanhol fascistóide

Os apicultores trabalham em terra emprestada, sempre dependentes da boa vontade alheia.Já faz oito anos que tenho colmeias na Corte Peral, duzentos e tal hectares de mato à beira do Guadiana, na zona do Pomarão. Há poucas semanas atrás, fiquei sabendo que a propriedade foi entretanto comprada por um espanhol que deu fortunas por aqueles cerros de talisca. O homem entrou em grande, gerando conflitos vários e deixou recado que não quer por ali colmeias e que as quer fora de imediato, ou.....
Eu pasmo com a sobranceria da criatura, nunca me passaria pela cabeça ir para terra estranha, apoucar quem lá vive e trabalha. Tirar as colmeias na plena primavera, exige prejuízos de produção, trabalhos pesados fora do alcance de um homem só. Antes de Maio, da colheita, é complicado. Fora de questão fazer-lhe a vontade, de imediato e a correr. Desculpem-me o assomo de xenofobia, mas estou no meu país e não é um espanhol que me vem enxotar como se eu fosse um cão. Sou gente, não um bicho. Faça queixa ao seu governo, querendo...

Monday, March 12, 2007

Natureza avára

O tempo meteorológico, a sua evolução, são uma curiosidade recorrente de quem trabalha com a natureza. E é coisa ingrata, o tempo, mas também a natureza. Talvez eu seja céptico- não estou certo disso- mas costumo dizer que os anos bons estão sempre muito a tempo de se estragarem.
O ano começou bem, parecia que seria outro ano fantástico. Hoje vejo por aqui uma primavera envergonhada, a natureza consumiu-se em flores no ano passado, o que se seguiu à grande séca. Este ano , a primavera descansa de tanto esforço e mostra uma natureza avára e madrasta. Já estou outra vez a olhar o céu, a sonhar com nuvens que deitem água, porque nos xistos de Mértola toda a que vier é pouca. Só na lotaria é que este vai ser um ano razoável. Eis o destino de quem está nas mãos da natureza.

Thursday, March 08, 2007

Dias quotidianos

Ando desgrenhado e desnoitado.Dizem que cheiro a mato, a timol e a pele agarra todo o pó dos caminhos. Foi uma noitada a alombar com colmeias para os matos do Vascão, a experimentar os passos ao luar, evitando pedras e buracos onde tropeçar. Mas o pior vem com o dia, a eterna luta com o saldo bancário, as contas de sumir...