Tuesday, October 28, 2008

Um homem no deserto

Certo dia, um ministro disse ser aqui o deserto. Não voltou a dizer nada mais ajuizado.
São nove da noite, ainda não é tempo de me deitar. A torre do relógio marca sempre as mesmas horas. Mudou o horário e o tédio está em funções mais uma hora. Divago pelas ruas em busca de não sei quê. Ninguém à vista, cães a ladrar no Além Rio, os diálogos fanhosos de uma qualquer novela saem de um televisor, para lá das paredes de uma casa, e a minha sombra nos muros caiados, é um espectro que não estremece ninguém. Apenas os passos na calçada a caminho de lugar nenhum, fazer tempo até ter sono e capitular, a caminho da minha aldeia inscrita na paisagem.
Estou no começo da semana e não há um bar aberto, aonde ingerir uma cerveja penitencial, encostado ao balcão. Nem sequer um monólogo enfático com um qualquer bêbedo, ou até um mero benfiquista que seja, já estou por tudo. Sou hoje um habitante, um naufrago do deserto. Até adormecer, melhor forma de esperar por amanhã.

Wednesday, October 08, 2008

A manta rota

Se não o escrevi, pensei em fazê-lo aqui há uns tempos atrás:
nacionalizar não é questão ideológica, é assunto de lesa sobrevivência.
Agora o que eu não esperava ver nesta vida, é o senhor Van Zeller, patrão dos patrões da CIP, apóstolo da intervenção do estado na crise do capitalismo. Então afinal o mercado já não é a solução em todos os recantos da economia?
Aguardemos pelo fim da tempestade, se cá andarmos e bem dispostos, ainda voltaremos a ver os do costume, desdenharem da benévola intervenção do dinheiro dos nossos impostos a segurar as pontas desta manta cambada.