Saturday, February 14, 2009

Sexta 13 de namorados

Realmente não gosto da sexta feira 13. Não me paralisa, não me fecho em casa, mas há que ter atenção aos mais ínfimos detalhes, aos pretextos que nos levam ao azar.
Julgava não ter grande consideração pelo dia dos namorados, sempre lhe resisti. Mas ele entra-nos pela vida adentro sem ser convidado, quando vamos ao supermercado e vemos gente a comprar prendinhas patetas, manipansos que não se dão à pior inimiga, ou quando, por toda a parte na rua , homens e mulheres, meninos e meninas de todos os tamanhos, idades, feitios e medidas, carregam ramos de flores. Não há por onde fugir a esta lamechice pegadiça.

É pois o dia perfeito para uma valente zanga de namorados, das que até racham.
Cumpridor que sou, tive uma sexta treze e um dia de namorados, inesqueciveis.

Thursday, February 12, 2009

Estrelas caídas

-Schiu! Estou a pensar!
E tapou-me a boca com a mão. Disse-lhe então vamos pensar os dois, gosto de ficar inerte, em silêncio de olhos fechados, é como se pensa bem. E ficámos.
Nisto, torna: Vamos esperar que as estrelas caiam para as apanhar-mos, podemos fazer colecção de estrelas caídas. Ou vendê-las, e ganhar bué da dinheirinho.
Quanto vale uma estrela, quantos cêntimos?
Olha, a mais pequenina custa um cêntimo....

Tuesday, February 10, 2009

Charlot

Já não sei porque me fui lembrar do Chaplin e falar nele aos meus filhos. Disse-lhes que era um artista total, um faz tudo, dirigia actores, representava, escrevia os argumentos, compunha músicas eternas. Fez parte da minha infância o Charlot. E nem tanto pelos filmes.
A minha tia avó foi casar à Bélgica e lá ficou, em Bruxelas. Habitava o meu microcosmos infantil, aquela tia da Bélgica mais o seu consorte, o tio Charlot que eu nunca vira. Só o conhecia dos filmes, das luzes da ribalta e outros que tais. Sonhava o dia em que ele chegaria lá a casa com o seu chapelinho de côco, bigodinho, os movimentos corridos e espalhafatosos.
Teria os meus nove anos quando o tio Charlot apareceu, mais a nossa tia, uma bela velhota morenaça, de olho azul. Não era o dos filmes, era um velhote de ar germanico, calvo, pesadão e de óculos escuros, redondinhos, mais parecido com um dos irmãos metralha em avançada idade. Pela porta, entrou o fim da fantasia.