Camaradas
Uma tarde pacata na serra.
Só oiço zumbidos, um soar fundo e surdo. Nisto visitas, uma carrinha com embuçados que andam ao mesmo, apicultores, enfim colegas.
Já calajado nesta história, pressinto chatices.- O que é que estes querem? Falam os instintos. Eles saiem da carrinha mudos, eu se andasse armado levaria a mão discretamente ao bolso. Boas tardes atiro eu. Eles respondem, talvez não corra mal, penso eu. Mas eles são baixotes, os tais que são velhacos ou dançarinos, eu a intuir o resto, e a tirar-lhes as medidas.
Começa a conversa, de palavras medidas à régua.Vinham anunciar que o dono do terreno aonde está o meu apiário, quer lavrar e portanto, as colmeias fora dali.Estranho de mais, o dono conheçe-me bem, sabe onde me encontrar, é descomplicado, damo-nos óptimamente. Não cola. A seguir o óbvio. Os outros tem colmeias perto,logo vieram cumprir a sua missão elementar de chatear. A conversa não passou disto, não chegou a ser conflituosa, ficou pela demonstração da potencia do veneno.
São raros os camaradas, mas eles existem.Com eles falamos sem espinhas, o encontro é festivo, e as histórias, as nossas, do nosso trabalho, são cerejas na boca. Ainda existe o Gabriel de Sousa em Évora, que me ensinou quase tudo, o Brinca em Moura, ou o Teixeira que anda lá por Portel. Eles sabem bem o quanto desgasta esta vida de apicultor, sabem que não há energia util na mesquinhez de adro de igreja que nos rodeia. Sabem que muito nos falta saber e do valor infinito da partilha. São eles os camaradas.
Só oiço zumbidos, um soar fundo e surdo. Nisto visitas, uma carrinha com embuçados que andam ao mesmo, apicultores, enfim colegas.
Já calajado nesta história, pressinto chatices.- O que é que estes querem? Falam os instintos. Eles saiem da carrinha mudos, eu se andasse armado levaria a mão discretamente ao bolso. Boas tardes atiro eu. Eles respondem, talvez não corra mal, penso eu. Mas eles são baixotes, os tais que são velhacos ou dançarinos, eu a intuir o resto, e a tirar-lhes as medidas.
Começa a conversa, de palavras medidas à régua.Vinham anunciar que o dono do terreno aonde está o meu apiário, quer lavrar e portanto, as colmeias fora dali.Estranho de mais, o dono conheçe-me bem, sabe onde me encontrar, é descomplicado, damo-nos óptimamente. Não cola. A seguir o óbvio. Os outros tem colmeias perto,logo vieram cumprir a sua missão elementar de chatear. A conversa não passou disto, não chegou a ser conflituosa, ficou pela demonstração da potencia do veneno.
São raros os camaradas, mas eles existem.Com eles falamos sem espinhas, o encontro é festivo, e as histórias, as nossas, do nosso trabalho, são cerejas na boca. Ainda existe o Gabriel de Sousa em Évora, que me ensinou quase tudo, o Brinca em Moura, ou o Teixeira que anda lá por Portel. Eles sabem bem o quanto desgasta esta vida de apicultor, sabem que não há energia util na mesquinhez de adro de igreja que nos rodeia. Sabem que muito nos falta saber e do valor infinito da partilha. São eles os camaradas.
5 Comments:
Estorias do "Far West Alentejano",como te invejo por vezes primo Pedro. E tocando noutro assunto,no outro dia conheci um jovem advogado Angolano de nome Bravo que me disse "tenho raizes na Beira-Alta em Trancoso e pelo que sei tenho um bisavo que se chamava Jose",coisas...
grande camarada! também eu te invejo. e gosto quando vens há cidade, amigo. abç
Caro primo, há uma historia que é capaz de entroncar no jovem angolano.
Nos primeiros anos do século XX,por volta de 1906, estará a fazer cem anos,o meu avô José Paulo, irmão do teu bisavô Henrique, partiu à aventura, a caminho de Angola, e da fortuna. Foi fixar-se em Malange, imagina a aventura que isso não era,havia pouco tempo que o Livingstone tinha explorado o interior da África , que os nossos Serpa Pinto e Silva Porto haviam percorrido o interior de Angola. Desafiou a minha avó para ir também, mas ela não foi com receio de levar a filha mais velha,ainda criança, para locais inóspitos e perigosos .
Ele foi e esteve por lá sózinho,supostamente,durante sete anos.Um dia apareceu em Trancoso alguém a contar histórias do "Bravo de Malange" que, supostamente teria lá uma amásia, de asa e pucarinho e já com descendencia. A minha avó Casimira comprou um revolver e praticou tiro ao alvo durante algumas semanas, de modo a aprender a manejar a arma. Comprou bilhete para a carreira de Angola e num belo dia de 1913, embarcou no porto de Lisboa a caminho de Luanda.Sózinha mais o seu revolver.O bom do teu bisavô Henrique, telegrafou ao irmão de Malange,dizia : Casimira vai para aí,leva pistola!
Se havia mulher ou filhos, nunca se soube.Mas ele estava lá à espera, no cais em Luanda e ainda me recorda ouvi-la, já velhota-viveu até aos 95 anos- a dizer:
-Eu nem olhei para a cara dele!
Daí que esse teu achado, é capaz de saber da história a metade da missa que nos falta saber.....
Abraço
Vou ver se pesco alguma coisa, seria interessante saber algo mais sobre a historia da familia.
grande história, ehehehehe
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