Passaram 100 anos

Para demasiada gente pareçe que foi ontem. Nunca pensei que ainda fosse motivo de polémica, como se pouca coisa se tivesse passado entretanto. Esteve bem o Presidente Cavaco, ao fazer uma leve homenagem ao rei morto em 1908. Foi indigna a rejeição do voto de pesar na Assembleia da Republica. Não sou menos republicano por lembrar a morte de um chefe de estado, ocorrida à tanto tempo de forma trágica, é uma questão básica de nos colocarmos no grau mínimo de humanidade.
Não é preciso fazer juízos de valor sobre a natureza do regime, nem fazer um voto de censura à Republica. Já passou tempo suficiente para se olhar de modo desapaixonado para a questão e reconheçer as qualidades do homem que também as tinha. E já agora, a história não fica nunca escrita de uma só vez , para toda a eternidade, a verdade histórica ao fim de tanto tempo pode levar uns retoques....
Tudo isto revela uma coisa triste: a esquerda não sabe lidar com a história, carrega e quer fazer-nos carregar um complexo de culpa espúrio, que eu lamento muito, mas não me pesa nos ombros. Ainda para mais, quando o senhor Dom Duarte se encarrega a cada suspiro, de demonstrar que não basta a linhagem e a educação para gerar o bom senso necessário à boa governação. Tanto medo para quê?