O rabo do porco
Tive a sorte de nascer e crescer na capital, ter uma infância feliz e mimosa, embora algo isolada. Na aldeia encontrei uma outra realidade, a de homens da minha idade que conheçeram o "tempo da miséria", como eu pensava haver nos romances neo-realistas. Ou nas memórias de velhos neo-realistas.
Havia um lavrador avaro de tudo, parece. Crestava os cortiços, e perante a insistência gulosa dos moços, lá lhes dava um favinho, com abelhas de mistura, para ferrarem a língua dos gulosos e assim os desimaginar. Matava-se o porco, e não havia febra para crianças, nem moleja ou petisco. Havia o rabo do porco, partido em múltiplos pedacinhos, consoante o numero dos insistentes. Eu, na minha infancia distraída, nunca pensei ser o rabo do porco petisco para bocas famintas. Estranho, como por vezes, pode ser feliz a ignorância...
Havia um lavrador avaro de tudo, parece. Crestava os cortiços, e perante a insistência gulosa dos moços, lá lhes dava um favinho, com abelhas de mistura, para ferrarem a língua dos gulosos e assim os desimaginar. Matava-se o porco, e não havia febra para crianças, nem moleja ou petisco. Havia o rabo do porco, partido em múltiplos pedacinhos, consoante o numero dos insistentes. Eu, na minha infancia distraída, nunca pensei ser o rabo do porco petisco para bocas famintas. Estranho, como por vezes, pode ser feliz a ignorância...
1 Comments:
Grande abraço. Por toda essa infância que ainda agora chegou. Parabéns.
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