Saturday, August 19, 2006

Cal

A brancura parece ter um cheiro, um odor de limpeza da terra.
Comprei cal em pedra e fervi-a numa lata.
Munido de pinçéis e trinchas, meti mãos á obra. Diante de mim, uma casa de paredes grossas, a chorar por cal. Sobraram salpicos em todas as direcções, na roupa, no cabelo, nos pés . Séca as mãos, fura a pele, faz doer os olhos de tanta claridade. Mas o resultado é magnífico, não há penas que cheguem perante tanto branco, tanta luz.
Eu diria que na depuração da casa começa a nossa felicidade, ou simplesmente, como proclama uma velha senhora, minha vizinha:
- Não há nada como o asseio!

1 Comments:

Blogger João Paulo Pedrosa said...

Pois é, nada como o asseio. E este é um blogue asseadinho, estive a ler para trás, nos dias que passaram, e até me apetecia comentar estas coisas que aqui escreves tão bem, desde a estupidez de não termos um horário de Verão para os trabalhos ao ar livre - e até para as repartições, até à questão dos judeus e muçulmanos, que tão bem ironizaste com a questão de criar terroristas.
A questão da venda do mel, enfim, estamos num país tão atrasadinho... é certo que passa pela escolha dos comerciantes, disponibilizarem produtos de qualidade, mas eles também conhecem bem o perfil dos seus consumidores. Enfim, não se arranjaria cal suficiente para cobrir o país, desinfectando-o para depois se começar a escrever numa página em branco?

4:09 PM  

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