Sim, ainda assim

Há oito anos votei sim sem pestanejar um pouco. Agora parece-me a questão menos evidente. Encontro excelentes razões para votar não, como as encontro igualmente excelentes, para votar sim. Sobra-me apenas um argumento para o sim. Para ser coerente com o que está para trás na minha vida, não posso pretender julgar ninguém, nem aceitar que o estado em meu nome o faça. Eu ser contra o aborto e não o conceber na minha vida futura, não me dá o direito a impor uma opção tão íntima a quem quer que seja. E é só por isto que eu lá vou pôr o voto no dia 11. Mas também vos digo que nunca votei com tão pouca paixão e tão pouca convicção como o farei nesse dia.