-Meu pai toda a vida possuiu colmeias.
Brilha-lhe um olhinho miudinho por trás das lentes, bigode bem regado da espuma da média garrafa, sorriso amarotado ali a bailar. E continua neste jeito, ele não percebia nada daquilo, tinha a malhada lá na soalheira da serra, bem altas, ávidas de sol e aroma de rosmanos. Levava lá as tardes da primavera amodorrado na sombra reles de uma moita esperando a saida de algum enxame e, embalado pela zunida, assim se deixava dormir uma rica de uma folga. Passado o tempo da enxameação, logo os suões lambiam a primavera alucinante da serra de Mértola, os amarelos tingiam as taliscas sedentas e chegava o verão precoce por finais de Abril, logo depois pelo são joão era tempo de crestar.
Aí o pai guerreava com o filho por mor de o levar de ajuda ao carrego do mel, matavam as abelhas a poder de méchas de enxofre como abelheros primitivos que eram, mas nem assim o moço se acomodava ao trabalho, com medo de alguma picadela transviada e o mais das vezes abalava a toque de zunida, desalvorado, direito sabe-se lá aonde, ficando o pai em arrelias, enervado com tamanha desafoiteza do rapaz. Lá acabava o velho por seguir noite escura a caminho da arramada com os cestos de mel pingantes pelo caminho.
Hoje já não há pai nem abelhas que apoquentem. Abelhas ainda as viu na Guiné aonde fuzilou pelas machambas, mas sempre passou de largo à vista de tais bichos. Já lá vai o tempo em que correu o alentejo, ajudante de motorista a alombar com grades de cervejas e sumos, por vendas e lupanares, entre os barros e colinas serranas a apagar a sede desses povos. Passou ainda ao lado a esquiva professora, boa de perna e pálida figura. Um dia deu por ele sem trabalho, bigode farto mas já grisalho. Agora acompanha ovelhas, com vagar. Do pai volta sempre a história das abelhas e aquela luz a apontar aos olhos.
Brilha-lhe um olhinho miudinho por trás das lentes, bigode bem regado da espuma da média garrafa, sorriso amarotado ali a bailar. E continua neste jeito, ele não percebia nada daquilo, tinha a malhada lá na soalheira da serra, bem altas, ávidas de sol e aroma de rosmanos. Levava lá as tardes da primavera amodorrado na sombra reles de uma moita esperando a saida de algum enxame e, embalado pela zunida, assim se deixava dormir uma rica de uma folga. Passado o tempo da enxameação, logo os suões lambiam a primavera alucinante da serra de Mértola, os amarelos tingiam as taliscas sedentas e chegava o verão precoce por finais de Abril, logo depois pelo são joão era tempo de crestar.
Aí o pai guerreava com o filho por mor de o levar de ajuda ao carrego do mel, matavam as abelhas a poder de méchas de enxofre como abelheros primitivos que eram, mas nem assim o moço se acomodava ao trabalho, com medo de alguma picadela transviada e o mais das vezes abalava a toque de zunida, desalvorado, direito sabe-se lá aonde, ficando o pai em arrelias, enervado com tamanha desafoiteza do rapaz. Lá acabava o velho por seguir noite escura a caminho da arramada com os cestos de mel pingantes pelo caminho.
Hoje já não há pai nem abelhas que apoquentem. Abelhas ainda as viu na Guiné aonde fuzilou pelas machambas, mas sempre passou de largo à vista de tais bichos. Já lá vai o tempo em que correu o alentejo, ajudante de motorista a alombar com grades de cervejas e sumos, por vendas e lupanares, entre os barros e colinas serranas a apagar a sede desses povos. Passou ainda ao lado a esquiva professora, boa de perna e pálida figura. Um dia deu por ele sem trabalho, bigode farto mas já grisalho. Agora acompanha ovelhas, com vagar. Do pai volta sempre a história das abelhas e aquela luz a apontar aos olhos.
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