Saturday, May 27, 2006

Mão morta

Eu cá até gosto da bola, mas com estes não vou à bola.
Tenho à porta de casa o estágio da selecção nacional de futebol, e com ela chegou a romaria dos simples, em busca do vislumbre dos ídolos, de um sorriso, uma história para contar. Chegam aos magotes, com bandeiras e crianças, gritaria e muita paciência, para esperar a partida ou chegada do autocarro, transportando as estrelas deste universo de sonhos comezinhos. Nada de anormal aqui, a não ser a indiferênça dos passageiros do autocarro da selecção, incapazes de um sorriso, de uma interacção simples com aqueles que os aguardam.
São divindades passeando-se por entre alamedas de ácaros.
Um dia um qualquer jogador esboçou um frouxo gesto de cumprimento de trás dos vidros do autocarro, grande acontecimento este para o meu filho de seis anos, àvido de um gesto de gente, e logo lhe chamou o "Mão morta", pois o aceno parecia estar para morrer.
Com a antipatia destes nossos "embaixadores", fácilmente se reparou na simpatia da selecção de Cabo Verde, esfusiantes de acenos e sorrisos, esbracejando a quem por eles passava.
Da passagem dos nossos por aqui, fica o ar enfadado, afectado do clima dos actores principais desta trági-comédia futebolistica, e a romaria de gente , a querer ficar na fotografia de uma história que dificilmente acabará bem, desportivamente. Cá em casa ficaram baptizados de "Os Mão morta", assim me perdoe o Adolfo Luxúria Canibal, muito mais interessante do que estes cromos da bola.

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