Monday, June 16, 2008

Meus lugares

Quando falas com devoção, nesses instantes em que te excedes de sonho, eu vou beber-te aos olhos as palavras. Gostei de as ouvir e te imaginar nos teus lugares, portos de abrigo.
Alegrete, as cascatas de São Julião. Tudo isso são santuários aonde não ouso penetrar, senão levado pela tua mão.
Os meus lugares não serão assim frescos e frondosos. Os meus matos são duros, crescem numa aridez de minério, os horizontes largos , flagelados pela loucura do estio.
Lá, no meu alentejo extremo, a natureza passa o ano a dormir, até explodir na primavera mais violenta que se possa imaginar, em que todo o viço se consome em meia duzia de semanas de apoteose total, até chegar o tempo de resistir até ao proximo excesso. Não há cascatas, água é contada ao pingo, e só ao raiar do dia a natureza mostra que existe. Depois, o astro sobe no horizonte e resta-nos a cal, o gaspacho, a pele tisnada, a sombra dos beirados com o azul inclemente a cegar os olhos. A sesta, silencio que convida a sonhar...
Mas as noites de verão são a redenção. Nelas, passeia Eros sem se dar por ele, nas noites de rouxinóis e corpos nus.
Ainda assim tenho para a troca...

2 Comments:

Blogger Luisa Condeço said...

Fico genuinamnete feliz que tenhas cromos para a troca, que esta te seja leve e reconfortante. Talvez seja egoismo meu, afinal posso deixar de me preocupar com a tua felicidade ou ausência dela, mas egoismos à parte, brindo à tua felicidade em qualquer jogo da bisca em que entres. E espero que ganhes :)

8:03 AM  
Blogger Luisa Condeço said...

Na realidade nunca deixarei de me preocupar com a tua felicidade. Essa é a verdade.

8:05 AM  

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