Tuesday, August 07, 2012

Boa noite

Nada bule, aliás, bulem as melgas de volta do tímpano.
Estou em sociedade, acomodado no poial da taberna, desarvorados do abafadiço das casas, e as palavras são cerejas que partem das melgas para os morcegos em seus voos venatórios.
Diz que era criança e apanhava morcegos com o tio, eram encafuados na gaiola dos grilos, lembras que apanhavamos-lhes serralha e que o pai vendia na loja gaiolas de plastico às cores, vermelhas, verdes e azuis, moradias de grilos cantores sem parar? Tu dizias, apanhei um grilo bom, muito amarelinho, de cricris promissor. E a zorra canta no bico do cerro, um badalo estremece no ovil, afinamos o ouvido para estes mistérios, o olhar no branco e negro das casas, das sombras, deste silêncio que corta as palavras. As vozes perdem nitidez, o sono vem aí a chegar. Boa noite....

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