Sunday, April 02, 2006

Serrão Martins



É um ícone de Mértola.

Chamou-me a atenção esta fotografia, presente em casa das mais variadas pessoas. Vinte e quatro anos depois da sua morte, Mértola lembra a memória de Serrão Martins, primeiro presidente da Câmara eleito em democracia, de quem hoje todos se dizem herdeiros e lembram com saudade.

Foram tempos épicos, aqueles seis anos de mandato. Tempos em que a electricidade chegou a dezenas de aldeias perdidas no tempo, se abriram estradas a caminho da vila, da cidade e do mundo; encostaram-se as carroças das bestas para a eternidade; o mundo medieval cedeu ao avanço da modernidade possível. Tudo isto com simplicidade, com o povo.

Não seria um erudito, mas era, parece, um sábio. Intuiu que o futuro de uma terra daquelas, áspera e de natureza avara, não dispensava homens de cultura e tinha de aproveitar o património histórico por lá abundante. Contribuiu decisivamente para a vinda de Claudio Torres e para a criação do Campo Arqueológico de Mértola. Já lá vão quase trinta anos, e no presente continua a estar a sombra benigna deste homem de ar profético.

Homens assim não morrem nunca.

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