A escola do meu filho
O meu filho mais velho entrou na escola primária. A sensação é esquisita, ainda não estou bem habituado. O problema não é o crescimento dele, e por tabela, o meu. O problema é a impessoalidade, a frieza, a desumanidade do sistema de ensino. E deste governo, um grande empreiteiro de desumanidade.
A escola está num meio sub-urbano de provincia, não é muito grande, nem muito pequena, tem umas dezenas de alunos. Já é suficientemente grande para que os pais deixem os filhos no gradeamento da entrada, sem permissão de acesso ao interior. Como desobedeci, tive a possibilidade de ver o meu filho sentado na carteira da sua sala de aula, mas não sei aonde almoça, nem imagino como pássa o tempo do intervalo. A professora tem meia hora mensal estipulada para receber os pais, não sabemos quem ela é e o que pensa. A escóla, aonde o meu filho passa muito tempo da sua vida, é um território que me está vedádo, que vejo através das grades. É uma fábrica de ensino. Normalmente sujeito-o a uma rajáda de perguntas ácerca do quotidiano, do trabalho feito, dos deveres a fazer, do que a professora ensinou, do que almoçou, do que será ou não será, tudo porque estou á porta da vida dele. Talvez esteja agora a começar, esta história de ficar nas bordas da vida dos meus filhos. Mas isso é outro assunto, ainda que indigesto.
E agora entra a política, lá anda ela sempre a rondar. Que privilégio assassinado, aquele, dos pais aldeões que tinham escolas de dimensão reduzida, de dimensão humana, que eram extensões da família. Escolas, onde pais e avós tinham lugar, que eram do"povo" todo e eram o orgulho da aldeia que com elas intéragia.
Este governo ficará para a história, como aquele que derrubou administrativamente o que restava do portugal rural. As 1500 escolas encerradas são um dano irreparável ao interior de Portugal e às familias que por lá teimam.
A escola está num meio sub-urbano de provincia, não é muito grande, nem muito pequena, tem umas dezenas de alunos. Já é suficientemente grande para que os pais deixem os filhos no gradeamento da entrada, sem permissão de acesso ao interior. Como desobedeci, tive a possibilidade de ver o meu filho sentado na carteira da sua sala de aula, mas não sei aonde almoça, nem imagino como pássa o tempo do intervalo. A professora tem meia hora mensal estipulada para receber os pais, não sabemos quem ela é e o que pensa. A escóla, aonde o meu filho passa muito tempo da sua vida, é um território que me está vedádo, que vejo através das grades. É uma fábrica de ensino. Normalmente sujeito-o a uma rajáda de perguntas ácerca do quotidiano, do trabalho feito, dos deveres a fazer, do que a professora ensinou, do que almoçou, do que será ou não será, tudo porque estou á porta da vida dele. Talvez esteja agora a começar, esta história de ficar nas bordas da vida dos meus filhos. Mas isso é outro assunto, ainda que indigesto.
E agora entra a política, lá anda ela sempre a rondar. Que privilégio assassinado, aquele, dos pais aldeões que tinham escolas de dimensão reduzida, de dimensão humana, que eram extensões da família. Escolas, onde pais e avós tinham lugar, que eram do"povo" todo e eram o orgulho da aldeia que com elas intéragia.
Este governo ficará para a história, como aquele que derrubou administrativamente o que restava do portugal rural. As 1500 escolas encerradas são um dano irreparável ao interior de Portugal e às familias que por lá teimam.
5 Comments:
é triste é ver como as escolas se vão trasnformando em fábricas e não em centro de saber. lembro-me de quando dei aulas e fui directora de turma, na primeira reunião de pais levei-os a conhecer a escola toda, os recreios, o bar, a biblioteca, as auxiliares educativas, precisamente por querer que os pais pudessem ver os sitios por onde andam os seus filhos e filhas.
E agora a minha filha de dois anos vai entrar para a escolinha e dá-me aqui um pedrinha no ventriculo esquerdo, como diz uma amiga, de ver que ela vai ter que se habituar a outras crianças, que talvez perca muito da doçura que tem agora, que a vão começar a socializar secundariamente, ou seja institucionalmente, enfim...
Abraços, sete e picos
no baile da D. Ester disse...
ao voltar para casa oiço a conversa entre dois pais à porta duma escola primária, bem no centro de Lisboa
"ontem marcaram falta ao meu filho por estar a olhar pela janela, e vim cá à escola para falar com a professora e não me deixaram entrar. Hoje voltei a pedir e ninguém me respondeu, nem o conselho directivo".
Atiram areia para os olhos, com a história de alunos a atacarem professores, e é isto que se vê, a prepotência no seu melhor.
Ontem vi a entrevista do Fernando Savater, que lembrava a importância dos professores primários na educação e formação das pessoas, mas que ninguém sabe quem eles são nem ninguém se interessa por ouvir o que eles têm para dizer.
Veja lá se sabe o que a professora do seu filho pensa e faz, para o poupar a ele e a si incómodos destes...
A escola do meu filho pareçe uma crise do meu crescimento, aos quarenta e picos....
Eu entro e pronto! ás vezes penso que se todos os pais fossem como eu as escolas eram um inferno, mas como não são eu vou entrando, as professoras estranham porque parece que só os pais de crianças problemáticas é que devem ir à escola e dizem-me disparates como -se alguma coisa correr mal nós chamamo-la. Eu sei que nada vai correr mal e entro para ver e sentir o espaço que deve ser de todos nós.
A escola do seu filho não existe no meu campo de conhecimento, que são 25 anos de docência. Nunca conheci uma escola assim, graças a Deus (ou aos professores com tive sempre o prazer de trabalhar).
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