Saturday, August 26, 2006

O país do meu pai

O meu pai começou por dizer que a Europa começava nos Pirinéus.
Nos anos sessenta, os países ibéricos não pertenciam à categoria dos países civilizados aonde se respirava liberdade, havia democracia política, níveis de desenvolvimento económico, cultural,educacional e cívico. A democracia e a Europa, foram o projecto da vida da geração do meu pai e conseguiram-no, em parte.
Mas neste cantinho à beira mar, continuamos de olhos pouco abertos ao mundo. Na Holanda 30% das crianças nasce em casa, em Inglaterra são 20% e na Espanha, o parto em casa é opção nos seguros de saúde, com boas parteiras e acompanhamento médico se necessário. Em Portugal, nem se coloca tal escolha. Temos um ministro contabilista que encerra maternidades com a argumentação chico-espertista da segurança. Diz ele mais os seus "sábios", que maternidades com poucos partos não garantem segurança, que quantidade é sinónimo de qualidade. São opções ao arrepio do que se faz já noutros lados do mundo, na Europa em particular. O que os faz pensar que são melhores que os outros? O que é esquisito é que o país acredita.
No final da vida, o meu pai corrigiu a delimitação da Europa. A Europa começava no Caia.
E continua a começar aí.

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