A minha praia
A hoje insuportável e corriqueira praia de Albufeira foi um idílio da minha infância.
O campo genuíno começava nas traseiras da casa, aonde cabras pastavam em tufos de alfazema, o esqueleto de um moinho de vento ainda se levantava, e as cigarras compunham ao azul celeste.
O meu pai era o meu grande parceiro dessas jornadas, como o sou hoje com o meu filho José Mário, outro incansável das praias.
Descíamos a butes do Cerro grande para a praia, nesse tempo ainda não demasiado povoada. Foi o tempo de lhe conhecer os rochedos um por um, de me entender anfíbio naquela agua cálida aonde se passava um dia inteiro no entra e sai, entre o sol e o mar. Ali se me entendeu aquele estar especifico da praia, muito nosso, nas vagas de fundo das ondas, estão aquelas marés vivas da alma que nos levam para longe dali, para a liquidez oceânica do olhar, cismando e perdendo o fio aos desejos de sonhar.
Assim se passaram dias que não sei agora segurar, assim fui ganhando ar e alturas nessa presença física da areia, a entender o silencio do pai, um silencio que se confundia com as ondas e partia atrás de caravelas, talvez de um sorriso de mulher, do piar das gaivotas.
Com ele, a sua embriaguez de mar e palavras medidas, ficou escrito na areia o meu destino.
O campo genuíno começava nas traseiras da casa, aonde cabras pastavam em tufos de alfazema, o esqueleto de um moinho de vento ainda se levantava, e as cigarras compunham ao azul celeste.
O meu pai era o meu grande parceiro dessas jornadas, como o sou hoje com o meu filho José Mário, outro incansável das praias.
Descíamos a butes do Cerro grande para a praia, nesse tempo ainda não demasiado povoada. Foi o tempo de lhe conhecer os rochedos um por um, de me entender anfíbio naquela agua cálida aonde se passava um dia inteiro no entra e sai, entre o sol e o mar. Ali se me entendeu aquele estar especifico da praia, muito nosso, nas vagas de fundo das ondas, estão aquelas marés vivas da alma que nos levam para longe dali, para a liquidez oceânica do olhar, cismando e perdendo o fio aos desejos de sonhar.
Assim se passaram dias que não sei agora segurar, assim fui ganhando ar e alturas nessa presença física da areia, a entender o silencio do pai, um silencio que se confundia com as ondas e partia atrás de caravelas, talvez de um sorriso de mulher, do piar das gaivotas.
Com ele, a sua embriaguez de mar e palavras medidas, ficou escrito na areia o meu destino.
2 Comments:
Nunca me canso de te ler....
Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria liberdade.
Sophia de Mello Breyner
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