Tuesday, October 28, 2008

Um homem no deserto

Certo dia, um ministro disse ser aqui o deserto. Não voltou a dizer nada mais ajuizado.
São nove da noite, ainda não é tempo de me deitar. A torre do relógio marca sempre as mesmas horas. Mudou o horário e o tédio está em funções mais uma hora. Divago pelas ruas em busca de não sei quê. Ninguém à vista, cães a ladrar no Além Rio, os diálogos fanhosos de uma qualquer novela saem de um televisor, para lá das paredes de uma casa, e a minha sombra nos muros caiados, é um espectro que não estremece ninguém. Apenas os passos na calçada a caminho de lugar nenhum, fazer tempo até ter sono e capitular, a caminho da minha aldeia inscrita na paisagem.
Estou no começo da semana e não há um bar aberto, aonde ingerir uma cerveja penitencial, encostado ao balcão. Nem sequer um monólogo enfático com um qualquer bêbedo, ou até um mero benfiquista que seja, já estou por tudo. Sou hoje um habitante, um naufrago do deserto. Até adormecer, melhor forma de esperar por amanhã.

5 Comments:

Blogger lena said...

que pena eu não andar por aí que já a minha sombra faria companhia à tua...lena

1:24 PM  
Blogger Pedro said...

Por aqui, com o frio glacial do Mar do Norte, tambem a noite e corroida de imagens fantasmagoricas.

10:20 AM  
Blogger Pedro said...

Feliz Natal para todos vos...

1:27 AM  
Blogger Pedro said...

...e Prospero Ano Novo !

4:20 AM  
Blogger blue said...

e pelo deserto ficaram as palavras deste lugar?

4:42 AM  

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