- A minha reforma é um bom quintal com arvores de fruto.
Assim falava Vicente naqueles anos idos e despreocupados, habitando na serra à vista do mar oceano. Ao longe via a Arrábida e por entre a cópa dos sobreiros o azul do mar ali estendido. Era vegetariano prosélito e os frutos a sua perdiçaõ. Tal regime alimentar coloria-lhe as entranhas, isso eu percebi com espanto ao reparar no seu auto-comprazimento escatológico.
Aparecia sempre sorridente e a tratar o mundo todo por "companheiro", sempre a viver no fio do arame com a sua camioneta de caixa aberta e taipais cambados, sol sorridente nuclear não obrigado, aos trancos e solavancos naqueles caminhos velhos, vendendo pão integralíssimo aos cámones na praia de Porto Côvo, melões do Alentejo que uns se vendiam, outros apodreciam devagar e inclusivé alguns se comiam. Para trás ficou a vida de fogueiro nas caldeiras de um navio mercante, até ao dia em que largou os vapores dessas fornalhas e se instalou no alentejo perto do mar, para recuperar todos os instantes que a vida de marinheiro lhe roubou à praia, ao sol, ao que se estava a esvair na ampulheta da vida.
Começou a ler uns livrinhos sobre alimentação natural e generalidades puras o fizeram mudar de vida.
Vicente seria nesses quarenta e muitos anos um homem incasável, por opção de solidão mas tambem porque era uma espécie de palhaço pobre pitoresco, mas apenas isso para o comum das donzelas casadouras.
Gostava de tudo fazer na rua, em especial dormir nesse imenso hotel mil estrelas das noites de verão alentejanas e não havia melga nem mosquito que se lhe intrometesse no sono.
Um dia este principe incasável recebeu uma visita do acaso: uma jovem milionária vinda lá da Flandres numa carrinha em busca de um amor compativel com o seu gosto pela comida natural, pela vida nua e despida ao sabor dos elementos da aragem maritima e do sol terno do litoral. a ultima vez que os vi passeavam-se por um laranjal abandonado no meio da serra, mordiscando laranjas e nêsperas ao gosto da vala dos rouxinois.
Assim falava Vicente naqueles anos idos e despreocupados, habitando na serra à vista do mar oceano. Ao longe via a Arrábida e por entre a cópa dos sobreiros o azul do mar ali estendido. Era vegetariano prosélito e os frutos a sua perdiçaõ. Tal regime alimentar coloria-lhe as entranhas, isso eu percebi com espanto ao reparar no seu auto-comprazimento escatológico.
Aparecia sempre sorridente e a tratar o mundo todo por "companheiro", sempre a viver no fio do arame com a sua camioneta de caixa aberta e taipais cambados, sol sorridente nuclear não obrigado, aos trancos e solavancos naqueles caminhos velhos, vendendo pão integralíssimo aos cámones na praia de Porto Côvo, melões do Alentejo que uns se vendiam, outros apodreciam devagar e inclusivé alguns se comiam. Para trás ficou a vida de fogueiro nas caldeiras de um navio mercante, até ao dia em que largou os vapores dessas fornalhas e se instalou no alentejo perto do mar, para recuperar todos os instantes que a vida de marinheiro lhe roubou à praia, ao sol, ao que se estava a esvair na ampulheta da vida.
Começou a ler uns livrinhos sobre alimentação natural e generalidades puras o fizeram mudar de vida.
Vicente seria nesses quarenta e muitos anos um homem incasável, por opção de solidão mas tambem porque era uma espécie de palhaço pobre pitoresco, mas apenas isso para o comum das donzelas casadouras.
Gostava de tudo fazer na rua, em especial dormir nesse imenso hotel mil estrelas das noites de verão alentejanas e não havia melga nem mosquito que se lhe intrometesse no sono.
Um dia este principe incasável recebeu uma visita do acaso: uma jovem milionária vinda lá da Flandres numa carrinha em busca de um amor compativel com o seu gosto pela comida natural, pela vida nua e despida ao sabor dos elementos da aragem maritima e do sol terno do litoral. a ultima vez que os vi passeavam-se por um laranjal abandonado no meio da serra, mordiscando laranjas e nêsperas ao gosto da vala dos rouxinois.
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