Tuesday, July 02, 2013

Cigana


Amo-te cigana.
Não tens nome, cigana, e eu sou apenas um “senhor” atravessado por uma troca de olhos, uns figos lampos cheios de intenção e gula. Não sei em que dia, sonho ou primavera.Talvez numa manhã de Abril  na máxima floração das estevas, uma caravana de ciganos e suas carroças e bestas pediam boleia no fundo de um barranco fundo, os animais cansados não queriam subir. Em minutos, colchões, panelas, roupas e crianças tudo se mudou para o meu camião e em menos tempo ainda subimos a ladeira. Tu acompanhas-me na cabine enquanto conduzo, falaste-me como para um igual mas com altivez de tourada, gosto do teu odor a lenhas e mato, do manear das mãos, dedos longos acobreados, cor de xisto, e a cintura, Deus, foi tirada a uma estátua.Tantos dias lá passei depois na esperança de te ver aparecer numa vereda, ser chamado a contigo desaparecer no mato.

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