Cigana
Amo-te cigana.
Não tens nome, cigana, e eu sou apenas um “senhor”
atravessado por uma troca de olhos, uns figos lampos cheios de intenção e gula.
Não sei em que dia, sonho ou primavera.Talvez numa manhã de Abril
na máxima floração das estevas, uma caravana de ciganos e suas carroças
e bestas pediam boleia no fundo de um barranco fundo, os animais cansados não
queriam subir. Em minutos, colchões, panelas, roupas e crianças tudo se mudou
para o meu camião e em menos tempo ainda subimos a ladeira. Tu acompanhas-me na
cabine enquanto conduzo, falaste-me como para um igual mas com altivez de
tourada, gosto do teu odor a lenhas e mato, do manear das mãos, dedos longos
acobreados, cor de xisto, e a cintura, Deus, foi tirada a uma estátua.Tantos dias lá passei depois na esperança de te ver aparecer
numa vereda, ser chamado a contigo desaparecer no mato.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home