Zé Faustino não tinha ruim maneira, mas era a modos que um bocadinho estranho.
Nunca dormiu numa cama, nem sequer num catre, levou a vida no mato entre as estevas, caça era do que gostava, e envelheceu pisteiro, o seu faro para cheirar os odores da bicharada, o seu olho para seguir os rastos, ganhavam bem a uma matilha de podengos.
Não gostava muito de pessoas; até vinha à taberna do Raposo, como os outros, e não se incomodava se lhe pagassem umas cópanadas, lá se quedava, sempre económico no falar, não era homem que tivesse maldade. O irmão com quem vivia, ainda era mais arredio, bicho que não se deixava ver nem de dia nem de noite, embora fosse às escuras que mais vezes partia para o campo, escapadelas essas que povoavam a fantasia dos mais imaginosos vizinhos. Um a farejar, o outro a armar rateiras aos coelhos e lebres, eram fruidores da natureza oferecida pois tudo é fruto que Deus dá. Desciam à ribeira de Oeiras, apanhavam o rasto das lontras, Zé Faustino apanhava-lhes o odor no ar, elas cheiravam a sabógas, a picão, aos outros peixes de agua doce, não havia que enganar, era só encostar o calhafuz ao ombro e disparar. As peles vendiam-se para a gola do casaco das madames, a carne comia-se e sabia a sabóga, diziam eles.
Não entravam em casa de ninguém e a ninguem convidavam para a sua. O faro de Zé Faustino era uma lenda que chegou longe. Certo dia o patrãozinho da Córte, conhecedor do prodígio do seu olfacto, e achando-o mal aproveitado do ponto de vista do seu interesse, levou os dois irmãos a Lisboa, a ajudarem numa caçada de gente rica, para os lados de Alcabideche, cerca da serra de Sintra, pagos em comida e dormida do mais fina.
Pernoitaram os dois irmãos Faustinos num hotel da familia do patrão, suposta honraria de merecimento, aonde esperáram a chegada da manhã, sem se deitarem , as camas roubavam o espaço para se amagarem no chão, às voltas com a claridade nunca vista dos candeeiros, a fazerem o dia sem fim, era com certeza, coisa de malátas malinas, bruxas de paródia com eles.
Foi esta a noite mais desnoitada da vida dos Faustinos.
Nunca dormiu numa cama, nem sequer num catre, levou a vida no mato entre as estevas, caça era do que gostava, e envelheceu pisteiro, o seu faro para cheirar os odores da bicharada, o seu olho para seguir os rastos, ganhavam bem a uma matilha de podengos.
Não gostava muito de pessoas; até vinha à taberna do Raposo, como os outros, e não se incomodava se lhe pagassem umas cópanadas, lá se quedava, sempre económico no falar, não era homem que tivesse maldade. O irmão com quem vivia, ainda era mais arredio, bicho que não se deixava ver nem de dia nem de noite, embora fosse às escuras que mais vezes partia para o campo, escapadelas essas que povoavam a fantasia dos mais imaginosos vizinhos. Um a farejar, o outro a armar rateiras aos coelhos e lebres, eram fruidores da natureza oferecida pois tudo é fruto que Deus dá. Desciam à ribeira de Oeiras, apanhavam o rasto das lontras, Zé Faustino apanhava-lhes o odor no ar, elas cheiravam a sabógas, a picão, aos outros peixes de agua doce, não havia que enganar, era só encostar o calhafuz ao ombro e disparar. As peles vendiam-se para a gola do casaco das madames, a carne comia-se e sabia a sabóga, diziam eles.
Não entravam em casa de ninguém e a ninguem convidavam para a sua. O faro de Zé Faustino era uma lenda que chegou longe. Certo dia o patrãozinho da Córte, conhecedor do prodígio do seu olfacto, e achando-o mal aproveitado do ponto de vista do seu interesse, levou os dois irmãos a Lisboa, a ajudarem numa caçada de gente rica, para os lados de Alcabideche, cerca da serra de Sintra, pagos em comida e dormida do mais fina.
Pernoitaram os dois irmãos Faustinos num hotel da familia do patrão, suposta honraria de merecimento, aonde esperáram a chegada da manhã, sem se deitarem , as camas roubavam o espaço para se amagarem no chão, às voltas com a claridade nunca vista dos candeeiros, a fazerem o dia sem fim, era com certeza, coisa de malátas malinas, bruxas de paródia com eles.
Foi esta a noite mais desnoitada da vida dos Faustinos.
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