Monday, November 03, 2014


O meu avô Gustavo de Vasconcelos pintava muito melhor do que o anonimato da sua obra faz supor. Após ter pintado desmedidamente a mulher de um arquitecto, as contingências da vida levaram-no já no final, a Moçambique, aonde se sensibilizou com a languidez das mulheres africanas. Dele regressou apenas um malão da Companhia Nacional de Navegação com os seus objectos pessoais e algumas telas, entre elas esta, que a minha avó, mais apreciadora de retratos de bispos e naturezas mortas, encafuou para um corredor esconso e mal iluminado.Passei a minha infância a perguntar-lhe o que era isto, e ela sempre a responder-me tratar-se de um tronco de oliveira. Até ao dia em que comecei a ver aqui outras coisas, bem, enfim, passei à idade adulta.

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