Tuesday, November 27, 2012

Comendo bolota com pão ao balcão.
- Já não há homens! - diz ela, entrando porta adentro daquela catedral de boinas e bigodes, vai aviar-se do seu cálice de moscatel docinho, ciente de que chega bem para todos.
- Bêbada! - disparou ele entre bigodes.
- Se não tinhas arranjado uma mulher que te aquecesse os pés...
- Quero lá eu mulher, mais a mais se saisse assim como tu - dizia ele acariciando a ga...
rrafa da cerveja.
- Até uma bêbada tu querias se a pudesses apanhar...
- Se arranjasse mulher que bebesse não queria eu saber dela!

Velhos e malucos estamos, e sempre tive vontade de puxar as orelhas ao Silvinha, que eu vi nascer, já eu era raparigota, e vi passar a vida por ele, assim torto como é, mas joia de moço. Torço-lhe as orelhas e dou-lhe tápas no cachaço, mas gosto muito dele, não desfazendo.
Foi o que durou um moscatel, digo agora eu, ainda mal refeito da degustação de bolota com pão, ao balcão.

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