Assim que avistava o camião do homem das abelhas, subindo a custo o caminho velho que vem do barranco, Fanarim, pequenino que não dançarino, estando à cóca no monte derroído ao cimo do cerro, moradia de chibos e galinhas, corria a bem correr ladeira abaixo, ao encontro do homem das abelhas vindo com os cabelos no ar, lá do alentejo, do outro lado da serra. É que ele trazia mel, ambarino mel e quem nele mexe, lambe os dedos de satisfação.
Fanarim como já sabemos, não era dançarino, falava muito e desdenhoso da sua sogra Eglantina.
Fanarim vivia numa espécie de miséria remediada pelas fazendas da sogra, herdeira que foi do seu falecido, de algumas courelas e fazendas com cortiça, essa espécie de oiro da floresta. Tinha umas cabras e uma casa que alugava a uns estrangeiros no meio do nada da paisagem. Mas do que ele gostava mesmo era de se encarrapitar nuns caixotes para espreitar pela janela da casa e ver a alemoa latagona a vestir-se.
Foi nas suas fazendas que Dona Eglantina viu assentar colmeais, à ordem do genro, sem para tal ter sido vista nem achada.
O homem pequenino, ainda esbaforido da corrida, não se poupou:
- Se for à malhada lá do pé de casa, não dê o mel à minha sogra. Melhor será deixá-lo aqui ficar. É que ela, zás! Come-o todo!
Assim falando, fazia cara de ter visto o demo.
- Mel não é para se beber como quem bebe água. Olhe que mesmo água, ela bebe muito, bebe muita água, todos os dias se conhece no poço o que ela bebe..
Mas para desilusão, o homem das abelhas não trazia nesse dia o mel e dali seguiu para a malhada do Valinho aonde morava Fanarim com a esposa e mais Dona Eglantina, num convivio de surda guerra já bem apodrecida dos anos. Aprestava-se a vestir a fatiota para começar a abrir colmeias, e é quando surge a lavradora agarrada à bengala:
- É você esse das abelhas!?!
- Sim! - fez o das abelhas.
- Saiba que sou eu a dona desta courela, foi o patife do meu genro que lhe deu ordem de cá assentar as abelhas? Olhe! Foi o meu falecido que me deixou as fazendas, mais a cortiça. É a mim que me tem que dar o mel da renda, não é a ele. Ele rouba-me tudo, ainda vou ter que deserdar a minha filha para ele não derreter tudo em bebida e putedo.
Algumas abelhas malinas puseram termo ao sermão. A velhota seguiu para casa gesticulando palavrões e rogando pragas ao genro com quem iria jantar mais logo.
O homem das abelhas com o seu fato branco, misto de astronauta e farmacêutico, fez o que tinha a fazer e tomou o caminho para o lado de lá da serra.
Fanarim como já sabemos, não era dançarino, falava muito e desdenhoso da sua sogra Eglantina.
Fanarim vivia numa espécie de miséria remediada pelas fazendas da sogra, herdeira que foi do seu falecido, de algumas courelas e fazendas com cortiça, essa espécie de oiro da floresta. Tinha umas cabras e uma casa que alugava a uns estrangeiros no meio do nada da paisagem. Mas do que ele gostava mesmo era de se encarrapitar nuns caixotes para espreitar pela janela da casa e ver a alemoa latagona a vestir-se.
Foi nas suas fazendas que Dona Eglantina viu assentar colmeais, à ordem do genro, sem para tal ter sido vista nem achada.
O homem pequenino, ainda esbaforido da corrida, não se poupou:
- Se for à malhada lá do pé de casa, não dê o mel à minha sogra. Melhor será deixá-lo aqui ficar. É que ela, zás! Come-o todo!
Assim falando, fazia cara de ter visto o demo.
- Mel não é para se beber como quem bebe água. Olhe que mesmo água, ela bebe muito, bebe muita água, todos os dias se conhece no poço o que ela bebe..
Mas para desilusão, o homem das abelhas não trazia nesse dia o mel e dali seguiu para a malhada do Valinho aonde morava Fanarim com a esposa e mais Dona Eglantina, num convivio de surda guerra já bem apodrecida dos anos. Aprestava-se a vestir a fatiota para começar a abrir colmeias, e é quando surge a lavradora agarrada à bengala:
- É você esse das abelhas!?!
- Sim! - fez o das abelhas.
- Saiba que sou eu a dona desta courela, foi o patife do meu genro que lhe deu ordem de cá assentar as abelhas? Olhe! Foi o meu falecido que me deixou as fazendas, mais a cortiça. É a mim que me tem que dar o mel da renda, não é a ele. Ele rouba-me tudo, ainda vou ter que deserdar a minha filha para ele não derreter tudo em bebida e putedo.
Algumas abelhas malinas puseram termo ao sermão. A velhota seguiu para casa gesticulando palavrões e rogando pragas ao genro com quem iria jantar mais logo.
O homem das abelhas com o seu fato branco, misto de astronauta e farmacêutico, fez o que tinha a fazer e tomou o caminho para o lado de lá da serra.